A FLOR
Regiane Falcão
Era uma vez uma flor.Nasceu e permaneceu em um lindo jardim onde Deus a colocou, foi neste espaço crescendo e aprendendo viver.
Um dia apareceu um jardineiro que se encantou com a flor, a colheu e a transplantou em outro canteiro, com ela fez um acordo: em troca de cuidados e muito amor ela reproduziria mudas.E assim aconteceu. Ela foi crescendo...crescendo...amando, transformando na flor mais forte de tanto amor que o jardineiro lhe dedicava, e vieram as mudas. Orgulhosa ela e o jardineiro observavam e cuidavam das belas mudinhas, e o amor da flor e do jardineiro ficou mais forte, principalmente porque sabiam que tinham agora uma cumplicidade muito grande...E se amavam...E o jardineiro cuidava da flor, e ela se sentindo amada era totalmente feliz, como nem em sonho imaginou poder ser.
Mas quando nada parecia abalar aquele amor, um dia o jardineiro se foi...Não por vontade própria, mas se foi... Talvez semear outros canteiros em um lugar onde não sentisse mais dor, não houvesse mais tristezas...E deixou a flor só.Desesperada ela chegou aos limites do sofrimento, culpou o jardineiro, ele foi covarde, não podia deixa-la assim, chorou ate secar totalmente achava que sem ele não precisava mais viver. Mas um dia em meio a tanta aridez, ela olhou a seu lado, quase já sem forcas e viu que as mudinhas começavam a secar também, e se lembrou do amor do jardineiro, buscou forcas nas entranhas da terra...Lembrou-se do que ele disse – A partir de agora e com você, as mudinhas já tem vida própria, elas continuarão sem mim, mas você terá de protege-las com sua sombra e às vezes sustenta-las com suas raízes.E a flor começou a retornar a vida, agora sem o perfume e a beleza de antes, mas mais forte, mais integra...Tinha as mudinhas.E viveu pelas mudinhas por muito tempo.
Alguns jardineiros ate quiseram cuidar dela, para que voltasse a ter o perfume e a beleza de outrora, mas ela ainda amava o seu jardineiro.
Certo dia, Deus olhou para a flor e disse: - Você não esta fazendo tudo para o que eu te criei, você ira conhecer outro canteiro e com o tempo entendera porque a coloquei lá.
A flor não entendeu, mas devagar foi se adaptando ao canteiro que Deus a colocou, se sentiu útil...Estava mais feliz, sentia um pouco mais o calor do sol e o frescor do orvalho... Realmente estava mais feliz...Mas não entendia o que Deus queria dela.
Um dia avistou um homem, triste...Não era jardineiro...Era um homem triste. Talvez a vida o tenha feito esquecer que ele poderia ser um jardineiro...Ele era somente um homem triste.
A flor com o tempo entendeu o que Deus queria dizer quando a apresentou ao novo canteiro.
Mas o homem triste não a via, ele olhava as estrelas...Ele queria as estrelas...Longínquas, frias, inacessíveis, distantes.
A flor queria que o homem triste voltasse a sorrir, afinal Deus também queria, por isso a tinha colocado ali.Então começou a exalar seu perfume, timidamente, quem sabe o homem triste quando fosse adorar as estrelas ao passar pelo canteiro sentisse o seu perfume e a olhasse...Mas o homem triste queria as estrelas, frias, não tinha tempo para observar a flor.
A flor voltou a ter cor e aumentou seu perfume e um dia o homem triste a viu no meio do canteiro, ate notou que ela poderia estar lá para que ele fosse novamente mais feliz.Então às vezes quando ia ver as estrelas parava, falava com ela, mas prosseguia, e dois passos depois do canteiro ele já a tinha esquecido... Era só uma flor.
O homem triste nunca colocou uma gota de água ou um pouquinho adubo pra que a flor se fortalecesse...E a flor foi perdendo o encanto e o perfume novamente, mas tinha suas mudinhas e isso e o que a mantinha viva.
Mas flor se sentia muito só, às vezes sentia sua alma de flor gelada como a morte...Saudades do jardineiro...Tristeza e impotência por não poder fazer nada pelo homem triste.
O homem triste também tinha suas mudinhas...Um dia ele perdeu uma delas...E ficou muito, muito mais triste. A flor observava de longe o homem triste se acabando em dor e desespero...Mas de longe...A dor era dele e ele não compartilhava com a flor.Nem as estrelas ele mais ia ver.E era esse o único momento que a flor o via, e às vezes falava com ele.Restou a ela pedir a Deus que cuidasse dele...Ela não sabia como faze-lo. E a flor ao ver tanta dor também foi ficando triste...E veio o inverno e a flor achou que tinha desistido de viver, que este seria seu ultimo inverno, não mais veria a primavera.
Mas de repente um jardineiro amigo apareceu e disse a flor. _Há muito tempo te observo, flor, acompanhei toda a sua historia e sei que hoje você precisa ser
cuidada e isso o que vou fazer. Não te peco nada em troca, só quero você bela e perfumada como era...Eu conheço seu perfume...Sei que ele faz bem a muitas pessoas e elas precisam de você.E o jardineiro amigo cuidou da flor e ela renasceu das cinzas como Fênix.
Olhou em volta e viu suas mudinhas, belas, cheirosas, cumprindo a missão a elas designadas por Deus, as vezes emprestando suas sombras e raízes para flor voltar a vida.
De repente a flor olhou para o lado e viu novamente o homem triste e entendeu que sua missão não havia acabado.Ele voltou a namorar as estrelas...Ela aprendeu a compartilhar a beleza delas também. Mas de vez em quando ele conversa com ela, ate joga um pouco de água, mas depois continua seu devaneio...Olhando as estrelas.
E a flor...A flor se resignou a cumprir o que Deus lhe designou...Sofre menos...Mas não perdeu as esperanças,...
Um dia quem sabe...O homem triste a veja de forma diferente e entenda o que Deus quis que acontecesse...Ou talvez não...Talvez ela se junte ao seu jardineiro e se torne uma estrela e lá de cima possa iluminar e alegrar a vida do homem triste.
Regiane Falcão
Obrigada Regiane, amei ter você aqui no meu canto, por no meu coração ja faz tempo que habitas, obrigada por tudo que já fez por mim, e v~e se continua a sonhar e escrever, como lhe disse é um vício....rsrsrsr beijos seja feliz...
Postado por Teresa Cordioli
às 5:58 PM